segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Bolivia - Uma Luta pela Liberdade !



É altura de celebração para as comunidades indígenas, para todos os povos nativos e para todas étnicas bolivianas. É altura do povo Boliviano sair à rua e mostrar com garra, motivação e orgulho o grande passo que se estar dar em termos de direitos, liberdades, garantias e de justiça! Esta na altura de reafirmarmos o projecto Boliviano como um projecto de luta comum em todos os lugares onde a opressão aos povos prossegue a sua ofensiva camuflada pelo tenebroso “avanço civilizacional ocidental”.

Apesar de não se ver grande abordagem ao assunto nos media é de realçar que Sim ganhou na Bolívia. 60 % dos Bolivianos votou Sim à nova constituição.
Finalmente os direitos dos indígenas foram reconhecidos: povo esse sacrificado pela comunidade ocidental em nome do avanço civilizacional (?!?!?!). Os indígenas (80% da população da Bolívia) podem agora passar a dispor de uma quota obrigatória em todos os níveis de eleição, a ter propriedade exclusiva dos recursos florestais e direitos sobre a terra e os recursos hídricos. É estabelecida a equivalência entre a justiça tradicional indígena e a justiça ordinária do país, autorizando tribos a julgarem e punirem suspeitos de crimes segundo os seus costumes tradicionais, e não de acordo com os preceitos jurídicos herdados da colonização espanhola.
Não se vive num estado de direito… Vive-se sim, um estado multicultural, multiétnico e “multietico”: onde comunidades vivem entre si com leis próprias - respeitando as restantes; onde comunidades vivem com códigos de conduta pessoal e social próprios e diferentes uns dos outros; Onde comunidades julgam e punem segundo uma consciência étnica comum , fiel aos valores da sua comunidade; Onde comunidades diferentes, opostas se conseguem respeitar e encontrar (sem imposição legislativa) soluções simples e pacificas para os seus problemas.

Não existe portanto uma conjuntura para uma subjugação de liberdades (estado autoritário) – a teoria de Jonh Locke não se adequa neste caso, visto que se os povos coabitam pacifica e positivamente sem grande problemas não se impõe a necessidade de uma autoridade estatal mas apenas uma regulação de pontos mais extremos… Ambas as tribos, raças, etnias e toda a população em geral consegue viver pacificamente. Obviamente tem de haver um código de justiça base que respeite os direitos humanos mas torna-se totalmente desnecessária uma legislação ambígua, imposta por modelos colonizadores ocidentais que não fazem qualquer sentido naquela especifica realidade...(que não passam isso sim de meras teorias que defendem uma grande autoridade estatal baseada num modelo social ocidental que o justifica mas não faz sentido isso existir na Bolivia).

Mas, não nos fiquemos por aqui sobre o novo referendo na Bolivia. A partir de agora vai ser limitada a terra dos grandes latifundiários (entre 10 mil e 5 mil) – acaba-se de vez com os abusos dos regimes monopolistas da terra controlados pelos grandes latifundiários instituídos numa espécie de capitalismo rural “aceitável” (supostamente visando a socialização dos benefícios) excluído o grosso que trabalha a terra – os povos (esses sim em luta pelo bem comum).
A nível económico vai ser exigido às empresas estrangeiras que reinvistam os seus lucros na Bolívia; Uma questão de justiça simples – “tudo o que ganhas connosco e à nossa custa tens de investir na nossa terra e em nosso benefício.”
A Igreja contesta o facto de se colocar todas as religiões em pé de igualdade, retirando ao catolicismo o lugar da "religião oficial do Estado".

Por outro lado, a Igreja critica a omissão do novo texto em relação ao direito à vida desde a concepção e em relação aos casamentos homossexuais, temendo posteriores legislações progressistas nestes temas – mais do mesmo, sempre do mesmo!
Bem, não quero fazer da Bolivia um paraíso – Não o é… Mas apesar de todos os problemas estruturais que provenientes de anos e anos de colonialismo e imperialismo (que reduziram o povo à miséria), apesar de toda uma política falhada no respeito pelos Indígenas; apesar de toda a pobreza proveniente de um modelo de desenvolvimento retrógrada desajustado à realidade local (refém do modelo civilizacional ocidental) a Bolivia caminha a largo passos para uma mudança substancial.

Uma mudança em nome do respeito pelas culturas, pelos povos, pela terra, pela natureza, pela justiça social, pela harmonização das relações culturais, pela socialização dos bens endógenos, dos lucros e das características naturais e sobretudo uma Mudança adequada à realidade social do país.

Esta é uma luta que nos passa muito lado, mas uma luta essencial, inesgotável e rica… Uma luta não só pela libertação dos povos mas uma luta connosco próprios – pela compreensão das culturas, dos seus hábitos, das suas leis, das suas tradições. Uma luta difícil - muitas vezes contra o modelo etnocêntrico da nossa consciência – mas uma luta sobretudo que nos enriquece a todos os níveis.
Sem ela sentir-me-ia incompleto.

Cá estaremos, Bolívia, para te ver crescer.

João Nuno Mineiro - 26\01\09

domingo, 25 de janeiro de 2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Juntos pela PAZ !


Um grupo de três jovens do ensino secundário da cidade da Covilhã decidiu organizar uma acção simbólica pela paz na faixa de Gaza. A acção decorreu no passado dia 23 de Dezembro entre as 21h00 e as 22h00 na praça do município. A intensa chuva e o vento forte não desmobilizaram as cerca de duas dezenas de pessoas que se deslocaram para a acção. Maioritariamente jovens embora algumas pessoas de zonas mais afastadas como caria ou Belmonte. Acção decorreu sem qualquer incidente. Promoveu-se uma conversa sobre o conflito: quais as consequências, o estado actual da faixa de Gaza, o papel da ajuda humanitária e da comunidade internacional e o futuro do conflito. Seguidamente procedeu-se a um minuto de silêncio em nome das 1300 vítimas mortais e dos 5000 feridos provenientes da s ultimas 3 semanas de ofensiva. Na faixa pintada pela organização podia ler-se: “Faixa de Paz” uma clara metáfora ao nome do território e ao objectivo da acção. Entretanto dois jovens realizavam um vídeo sobre a acção entrevistando os manifestantes sobre o conflito e a importância deste tipo de movimentos. No final ficou a certeza de que muito mais é possível fazer, muitas mais forças se podem juntar às causas nobres e sobretudo que a luta pela Paz não pode ter limites e deve ser uma prioridade de toda a sociedade.

Estaremos juntos, SEMPRE!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Quando os humanos se tornam animais...


O Egipto decidiu avançar e o acordo de trégua foi apresentado, segundo consta, Israel prepara-se para assinar um novo acordo de trégua mas, e porque existe sempre um “mas” as tropas Israelitas irão manter-se no território.
Estranho como um acordo “pacífico” permita que as forças militares permaneçam no território que praticamente destruíram. Mas fora estas puras e cruas hipocrisias políticas intituladas de “paz armada” (que apenas servem para alimentar o problema falamos uma analise destes últimos dias): Temos contabilizado cerca de 1100 mortos, uma média de 65 por dia, mas além disso temos mais de 3000 feridos…

Mas note-se que Israel nunca quis destruir o Hamas mas sim todo o povo… Israel fez questão de bombardear um armazém das nações unidas. Armazém esse que continha material medico. Mas que porra é esta afinal? O Hamas está escondido nos armazéns da ONU?

O que é que fizeram os governos ocidentais sobre isto? NADA!
Israel matou, feriou e destruiu um armazém de cuidados médicos, isto é desumano! Segundo os médicos sem fronteiras mais de metade dos feriados vão morrer. É triste.

Israel declarou também que Gaza não vive uma real catástrofe humanitária. Será possível?
A união europeia diz que a ofensiva se trata de uma “acção defensiva”. Será possível?

Em Gaza famílias viram filhos assassinados. Em Gaza famílias ficaram sem luz e sem água. Em Gaza há falta de comida, há fome pura e crua. Em Gaza foram mortos humanistas que colaboravam em acções humanitárias. Em Gaza acabaram-se os medicamentos. Em Gaza sente-se o medo, sente-se o crime, sente-se a Guerra.

Gaza, um alvo do terrorismo, do imperialismo, da barbárie imperialista.
Gaza: quantos sem casa? Sem família? Sem amigos? Sem comida? Sem agua? Sem luz? Sem educação? Sem cuidados de saúde?

O meu enorme voto de vergonha por existirem governos como o de Israel.
O meu enorme voto de vergonha por haverem cúmplices de genocídios como a EU e os EUA.
O meu enorme voto de vergonha por pertencer ao mesmo Mundo que vocês.

João Nuno Mineiro

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Governo Brasileiro quer construir muro para travar favela


O governo do Estado do Rio de Janeiro pretende construir um muro para tentar impedir a expansão da favela Dona Marta, no bairro de Botafogo, zona sul da cidade. "O que se fizer será muito semelhante ao que Israel faz com os palestinianos ou com o que aconteceu na África do Sul".

O projecto, defendido pelo governador Sérgio Cabral, estipula que a barreira teria três metros de altura e 650 de comprimento. Muro esse que isolaria as 10 milhares de pessoas que vivem em condições Sub - humanas na favela e que tornaria a pobreza, a exclusão, a doença, a criminalidade e a desigualdade como realidades secundárias e para segundo plano.

Vários líderes comunitários da favela Dona Marta, consideram que a medida acentuaria a segregação a que os moradores já estão sujeitos. Será moralmente aceitável que a responsabilidade de combate à pobreza seja atirada para segundo plano? Será moralmente aceitável que o combate à segregação seja colocado em segundo plano? Será compreensível generalizar-se as 10 mil pessoas da favela ao tráfico de droga sujeitando milhares de homens, mulheres e crianças inocentes ao completo isolamento?

O governador reiterou que a prioridade das autoridades é "enfrentar o tráfico de drogas e as milícias, impondo limites ao crescimento desordenado" ao passo que sobre a pobreza, as doenças de rua, o desemprego e a segregação que são realidades da favela, o governador nada tem a dizer… O combate à criminalidade, ao trafico de droga e aos negócios ilegais paralelos não se combaterá afinal com politicas de integração, educação, combate à pobreza e de emprego emprego? A prioridade na resolução dos problemas tem de ser a causa sem isso nunca se chegara a lado nenhum.

"O que se fizer será muito semelhante ao que Israel faz com os palestinianos ou com o que aconteceu na África do Sul", classificou Maurício Campos, da rede de organizações não-governamentais (ONG) Comunidades Contra a Violência.

A verdade é essa. Em nome do combate ao tráfico de droga a segregação vai-se generalizar, e as pessoas vão viver um isolamento económico e social brutal que nada vai contribuir para a resolução real dos seus problemas. O projecto foi ainda criticado pelo antigo prefeito do Rio, César Maia, e pelo ambientalista David Zee, professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. "Essa verba aplicada na construção do muro devia ser canalizada para programas de educação para que os próprios moradores se tornem os fiscalizadores de possíveis invasões de novos traficantes", expôs. Zee defende mesmo que a construção do muro demonstra "apenas" a incompetência do poder público em enfrentar os traficantes que dominam parte das cerca de 700 favelas da cidade: "[O muro] não surte efeito nenhum, as autoridades viram as costas e aproveitam o muro para fazer a parede da casa deles. Acho agressivo visualmente na paisagem local, um negócio desse tamanho pode servir até de trincheira para tiro".

O antigo autarca do Rio considerou que "um muro sempre dá a ideia de gueto" e sugeriu que "muito melhor seria uma divisão com uso de vegetação própria, que cumpriria a mesma função sem que as pessoas se sentissem dentro de uma casamata". "Não pode continuar a ser da índole dos brasileiros separar por meios materiais os bairros mais luxuosos das comunidades mais pobres", reforçou César Maia.

João Mineiro in, www.blocomotiva.net

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Karl Marx - A religião e a aceitação da desigualdade...

É importante no estudo das sociedades e dos comportamentos sociais que nunca esqueçamos a dimensão religiosa do ser humano. Mas qual será realmente a relação da religião com a política, com os conflitos ou com as relações sociais? …Perguntas em aberto, ou talvez não. Podemos provar, historicamente, os grandes erros das religiões… Podemos falar nas cruzadas, na inquisição, na face negra (embora curta) do budismo, ou no Index (dimensão cultural) mas não precisamos de ir muito longe. Segundo os médicos sem fronteiras, algumas das maiores crises humanitárias de 2008 são Somália, Mianmar, Zimbábue, República Democrática do Congo, Etiópia, Paquistão, Sudão, Iraque.De facto muitos destes países são afectados por graves conflitos políticos, militares e económicos. Mas se repararmos em todos eles há um factor que agudiza e agrava os conflitos: a religião (indirecta ou directamente – embora muitas vezes silenciadas pelos media por a dimensão religiosa ser politicamente correcta).

Mas mais que não é a religião se não uma aceitação da desigualdade?Uma arma do poder que torna a sociedade desigual?Que mais não é a religião se não um instrumento de consolidação da sociedade dividida por classes?Que mais que não é a religião que uma aceitação de uma injustiça?Bem, esta questão não passou ao lado de Karl Marx. Este fez uma excelente análise da relação entre a sociedade, a politica e a religião.

Citando:
"Tanto o judaísmo como o cristianismo, são frutos da sociedade dividida em classes. São ideologias impotentes para combater a exploração do homem pelo homem. As religiões, em geral, são um protesto contra a vida insatisfatória que é dada aos homens. Porém, a religião é uma ideologia impotente para orientar, na prática, a luta pela transformação do mundo, a luta pela superação das instituições baseadas na propriedade privada. Por isso as religiões funcionam como o ópio do povo, pregando conformismo e a resignação. No entanto as religiões não existem por acaso, essas religiões reflectem a situação em que se encontra o mundo. SE QUISERMOS LIBERTAR O HOMEM DAS SUAS ILUSÕES RELIGIOSAS, PRECISAMOS MUDAR O MUNDO QUE AS TORNOU NECESSÁRIAS. Não adianta combater o efeito sem modificar a causa!" (Karl Marx)
João Mineiro

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009