segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Carta que mandei ao Ministro dos Negócios Estrangeiros

"Exmº Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado

Como jovem que sou, é-me frequente olhar o Mundo, estuda-lo e descobri-lo. Tenho feito nos últimos tempos descobertas horríveis sobre o nosso Mundo nomeadamente na região do Darfur. Entristece-me cada morte, cada choro, cada lágrima derramada no seio de um conflito étnico, político, estúpido e egoísta. Mas não é só isso que me entristece senhor ministro, entristece-me que os governos dos países “desenvolvidos” e as organizações promotoras da paz fiquem paradas, intactas e imóveis perante este enorme genocídio cultural e humano que está a acontecer no Darfur.

Pergunto frequentemente como é que é possível, os governos ocidentais, a União Europeia, os EUA, a ONU ficarem calados perante esta monstruosidade que se está a passar. No Darfur já foram assassinadas mais de 450 mil pessoas, e o número de refugiados já ronda os 2 milhões. São famílias sem tecto, sem condições de vida, são crianças sem educação, são seres humanos sem acesso à Saúde, sem o mínimo de condições de vida. Vivem em plena pobreza extrema.
Tudo isto, espante-se senhor ministro, em nome de um capricho, de um preconceito, em nome do egoísmo, da hipocrisia e da arrogância.

E note-se que é a China (um dos países desenvolvidos), um dois principais países a colocar entraves à resolução do conflito. Tudo em nome de que? Do interesse económico. Mais uma vez em nome do desenvolvimento das relações politico económicas dos países morem pessoas. Mas não são meia dúzia, senhor ministro, são mais de 450 mil mortes em nome do nada! Tudo isto podia, e pode ser evitado.

Por isso só me resta pedir-lhe senhor Ministro:
Em nome do respeito pelos direitos humanos, em nome do respeito pela vida, em nome da justiça, por favor Senhor Ministro, ajude-nos a salvar o Darfur. Certamente o senhor ministro tem mais meios que eu, um mero jovem do interior.
Senhor Ministro, é urgente que nos ajude a salvar o Darfur, não feche os olhos a esta causa.

Obrigado. João Mineiro"

terça-feira, 4 de novembro de 2008

"A ditadura começa na ignorância!"


Mais de um milhão de alunos e professores manifestaram-se em Roma contra a reforma educativa do governo de Berlusconi. A nova reforma educativa prevê alterações estonteantes. Berlusconi pretende separar os estudantes Italianos dos estudantes estrangeiros, despedir 80 mil professores, triplicar o valor das propinas e obrigar os alunos a usar “farda escolar” e muito mais.
Os estudantes gritam a Berlusconi que “a ditadura começa na ignorância” e é isso que ele quer impor a quem não tiver dinheiro para estudar. Dia 30 de Outubro, um milhão de pessoas manifestaram-se em Roma contra esta reforma que quer tirar 8 mil milhões de euros ao orçamento para a Educação. Estudantes, professores e pessoas solidárias juntaram-se nas ruas em Itália contra uma reforma educativa elitizante, que propõe triplicar o valor das propinas, despedir 80 mil professores e aplicar penas por mau comportamento, separar estudantes estrangeiros dos italianos, etc.

Berlusconi quer triplicar o valor das propinas tornando o acesso ao ensino desigual e criando um fosso educativo entre ricos e pobres. Desta forma elitiza o ensino, impedindo quem não tem condições financeiras de estudar, privilegiando as classes altas na formação superior e qualificação profissional. Como se isso não fosse grave o suficiente, este quer despedir 80 mil professores e fazer um corte no sistema educativo brutal, Berlusconi quer também o regresso do mestre único às escolas primárias e a redução do horário escolar para 24 horas semanais, para além do endurecimento das penas por mau comportamento, com uma nota abaixo de 6 (numa escala de 1 a 10) a implicar automaticamente o chumbo do estudante.

A xenofobia da direita e do governo Berlusconi é altamente ofensiva. Primeiro coloca militares na rua para identificar, prender e expulsar os imigrantes “ilegais”, como se isso não bastasse Berlusconi quer obrigar as pessoas de etnia cigana a colocarem a sua etnia no seu BI pessoal, como se isso fosse relevante. E para finalizar em beleza, Berlusconi quer levar a sua xenofobia para escolas. Quer que os estudantes estrangeiros sejam separados dos Italianos.

Mas ainda há mais, Berlusconi além de querem uma escola xenófoba, desigual, injusta e com menos professores, quer “estandartizar” os estudantes obrigando-os a usarem uma farda escolar.
Os estudantes e professores, como não podia deixar de ser, protestam e Berlusconi em vez de abrir o diálogo e ouvir a opinião dos estudantes italianos, ordena a entrada de centenas de polícias em todas as escolas onde os alunos protestavam na manifestação de alunos do 28 de Outubro.

É este o novo plano de Berlusconi: uma escola xenófoba, autoritária, desigual, injusta, com poucos professores, pouca variedade pedagógica, estandartizada e calada, sem liberdade de pensamento, opinião, organização ou manifestação.

São estes os novos horizontes educativos de um governo ultra nacionalista, conservador, xenófobo, neoliberal e opressor. Mas a luta não se cala! Nunca, jamais em tempo algum a comunidade escolar Italiana se irá calar perante este ataque que afectará a todos e sobretudo o futuro do país